quarta-feira, 14 de março de 2012

A arte de dar

AINDA BEM QUE EU NÃO DEI

Ainda bem que eu não dei
Ainda bem que não rolou
Ainda não foi dessa vez
Que teu jogo funcionou

Imagina se ontem eu tivesse dado
Acreditado no seu tipo de apaixonado
E hoje você mal falou comigo
Mandou um oi meio de amigo
Como se nada tivesse rolado
Imagina se eu tivesse liberado

Não adiantou seu jeito meloso
Implorando pra eu ir te ver
Teatro de primeira, se achando O gostoso
Crente que eu ia dar pra você

E você ia sumir de qualquer jeito, sem motivo
E eu ia achar que o problema era comigo
Que bom que você sumiu antes de se revelar
É ótimo não ficar esperando o telefone tocar

Agora, você que fique na vontade
Nem adianta insistir
E quando seus amigos perguntarem
Encara e diz: “Não, não comi”
Ainda bem que eu não dei
Ainda bem que não rolou
Se situa, meu bem
Joga limpo que eu dou



AINDA BEM QUE EU DEI

Ainda bem que eu dei
Sem fazer tipo, sem fazer jogo
Porque assim é muito mais gostoso
Tava tudo mesmo pegando fogo

Dei querendo dar
Dei sem encanar
Dei sem me preocupar
Se amanhã você vai ligar

Pode sumir, pode espalhar, pode desaparecer
Foi mesmo uma delícia dar pra você
E se quiser de novo, fica a vontade
Não tenho medo de saudade

Dei na maior fé, na paz
Foi sim, e não talvez
E se você ainda quiser mais
Pega a senha, entra na fila e espera a vez

Ainda bem que eu dei
Tudo lindo, tudo zen
Só uma perguntinha
Foi bom pra você também?



QUE MERDA QUE EU DEI

Que lixo, que desperdício
Que triste, que meretrício
Que ódio, que papelão
Que merda, que situação

O que parecia ser tão bom
Foi sem cor, sem gosto, sem som
Quero esquecer que aconteceu
Não, acho que não era eu

Não sei como eu fui cair na sua
Nesse seu papinho de ir ver a lua
Devia estar a fim de ser enganada
Bêbada, carente, triste, surtada

E você se aproveitou desse momento
Fingiu de amigo, solidário no sentimento
Mas no fundo sabia bem o que queria
Como é que eu fui cair nessa baixaria?

Chega, vê se me esquece, desaparece
Finge que não me conhece
Foi ruim, ridículo, sem sal
Vazio, patético, foi mal

Que merda que eu dei
Já esqueci, apaguei
Tchau, querido, tenho mais o que fazer
Melhor comer sorvete na frente da TV



QUERIA TER DADO, MAS ELE ERA CASADO
Queria ter dado, mas ele era casado
Seria interessante mas não levo jeito pra amante
Teria investido, mas não faria o menor sentido
Queria estar aberta, mas seria encrenca na certa

Valeria o momento, a sensação
A novidade, a ispiração
A falta de intenção
O compromisso com nada
Desapego de fachada

Seria bom e eu ia querer mais
Ser feliz como todos os casais
Mas consumado o proibido
O pecado perderia o sentido

Eu ia ficar encanada
Me sentir culpada
Entre sortuda e azarada
Usada e abusada
Sacana e ousada
Menininha depravada
Mulherão na maior roubada

Comigo é inteiro e não metade
Eu ia passar vontade, investir na ilusão
Bancando a moderna, que segura a saudade
Ia quebrar a cara no chão

Queria ter dado, mas ele era casado
Seria interessante, mas não levo jeito pra amante
Teria investido, mas não faria o menor sentido
Queria estar aberta, mas seria encrenca na certa

Queria pagar pra ver, tipo foi meio sem querer
Queria ter feito gostoso, na paz, mas aí seria perfeito demais



QUERIA TER DADO, MAS TENHO NAMORADO

Queria ter dado, mas tenho namorado
Queria ter feito, mas não acho direito
Queria ter cedido, mas não acho isso bonito
Queria ter liberado, mas eu sei que tá errado

Ia ficar com a consciência pesada
Tentando ser séria com cara de abobada
Tentando ser doce com cara de dada
Fazendo pose de moça prendada
Escondendo o jogo de cara lavada
Carinha de inocente com alma de safada

Ninguém ia saber
Mas eu ia enlouquecer
De saudade, culpa e pensamento
De vontade, delírio e sofrimento

Mas o momento passou e eu fiquei na vontade
No que poderia ter sido, no talvez
Agora só Deus sabe
Quem sabe da próxima vez

Queria ter dado, mas tenho namorado
Queria ter feito, mas não acho direito
Queria ter cedido, mas não acho isso bonito
Queria ter juízo, mas acho que ele tá perdido